terça-feira, 27 de junho de 2017

6 maneiras sutis de ser homofóbico, bifóbico ou transfóbico


Você sabe o que é atitudes LGBTFOBICAS?

Se você respondeu não, acho bom ler esse texto até o final. Mas se você disse sim, leia também! É sempre bom reforçar revisar nossas atitudes. Inspirados em um texto do site “lado BI” Adaptamos um texto disponibilizado por eles para que você que nos acompanha possa refletir sobre suas atitudes com pessoas LGBTI no cotidiano.  Vale lembrar que esse mês é o mês do orgulho LGBTIQ+, e repensar atitudes faz toda diferença.

Mas antes de irmos as 6 maneiras sutis de ser homofóbico, bifóbico ou transfóbico, vamos entender o que é a LGBTfobia.

A LGBTfobia pode ser definida como a hostilidade geral, psicológica e social contra aqueles(as) que, supostamente ou concretamente, sentem desejo ou têm práticas sexuais com indivíduos do mesmo sexo.
Atuando como forma específica do sexismo (atitude de discriminação fundamentada no sexo), a LGBTfobia rejeita, igualmente, todos(as) aqueles(as) que não se conformam com o papel de gênero predeterminado para o seu sexo biológico.

Mas porque isso acontece?


A heterossexualidade compulsória, com caráter cisgênero, (Cisgênero é o termo utilizado para se referir aos indivíduos que se identifica, em todos os aspectos, com o seu "gênero de nascença") foi histórica e culturalmente transformada em norma, sendo um dos principais pilares da heteronormatividade e da sequência normativa sexo-gênero-sexualidade.

Ou seja, tudo isso faz parte de uma construção ideológica que consiste na permanente promoção de uma forma de sexualidade (hétero) em detrimento de outra (homo) e uma forma de identidade de gênero (cis) em detrimento de outra (trans), organizando uma hierarquização das sexualidades e identidades

Bem entendido algumas da raízes da LGBTFOBIA podemos entrar então no que as vezes passa despercebido em nosso cotidiano e acabamos por não pensar que são discriminações. Até porque elas são tão sutis e costumeira que não colocamos no campo da violência e discriminação e sim como brincadeiras. E digo mais, vindas de pessoas que acreditam que aceitam (ou apreciam). São tão repetidas que alguns até pensam que são ideias razoáveis, mas carregam a mesma mensagem de ódio e discriminação que as agressões físicas, os insultos e a negligência do Estado.

Vejamos:  6 maneiras sutis de ser homofóbico, bifóbico ou transfóbico


1. “Detesto bicha escandalosa”

Essa forma de discriminação é uma das mais recorrentes, sendo comum inclusive dentro da
comunidade LGBT, especialmente entre os homens homossexuais. Aqui a homofobia vem carregada de machismo, porque se parar bem pra pensar, o “escândalo” na verdade significa “agir como mulher”. Ser “mulherzinha”, ser feminino, ser delicado e ser expressivo são características associadas ao estereótipo feminino. Como ser mulher é sinônimo de ser inferior, por que um homem “se sujeitaria” a agir assim? Essa pessoa tem que ser então castigada sendo censurada, discriminada e tachada de “escandalosa”.

Eis o cerne da questão: a homofobia, a bifobia e a transfobia são discriminações de gênero. Ser gay, lésbica, bissexual ou transgênero transgride a norma hierárquica da supremacia masculina. Transgride a necessidade da heterossexualidade e abala a ideia de que se nasce homem ou mulher. O desprezo ao escândalo é o desprezo por alguém que não segue as regras da heteronormatividade.

2. “Você gosta mais de homens ou de mulheres?”


Essa é a pergunta típica que assola pessoas bissexuais ou pansexuais. À primeira vista parece ser fruto apenas da curiosidade mais genuína e inofensiva, mas esconde atrás de si a necessidade social de colocar alguém em um extremo ou outro. Uma pessoa não pode estar numa posição intermediária, porque ficar no intermediário não promove em nada o conceito de binarismo (ou seja, de que tudo se divide em duas categorias, como homem e mulher). O binarismo sustenta que o homem complementa a mulher. E, portanto, a heterossexualidade e o sexismo seriam “o natural”.

É claro que existem pessoas bissexuais que têm preferências – em geral, não por um sexo ou gênero em específico, mas sim por certas expressões sexuais. Mas questionar, ou insinuar que uma pessoa é capaz de adivinhar qual é a preferência de uma pessoa bissexual, apenas por sua aparência ou por i parceire que com quem a pessoa está envolvida no momento é bifobia.

Quando uma pessoa pergunta qual é a preferência de uma pessoa bissexual ela em geral está se referindo à genitália. É típico de uma sociedade heteronormativa genitalizar o sexo e a orientação sexual. Costuma-se pensar que os genitais são fundamentais quando é esse o assunto porque essa são as partes do corpo que costumam serem utilizadas no ápice da relação sexual, mas essa é uma ideia heteronormativa, apoiada no conceito de que a capacidade de se reproduzir é um pilar fundamental da sociedade (e que, de quebra, glorifica a heterossexualidade).

A verdade é que o prazer sexual pode acontecer de várias maneiras, e não existem papeis determinados para homens ou mulheres dentro da relação sexual, a não ser que se reduza o sexo à penetração/reprodução. Para quem passou a vida inteira pensando que o sexo é assim, pode ser muito difícil olhar além dos parâmetros limitados que a sociedade oferece para o sexo. A homossexualidade e a bissexualidade contestam essas ideias engessadas ao mostrarem que sim, alguém pode fazer sexo sem penetração, ou que a penetração pode acontecer apenas por prazer, sem qualquer fim reprodutivo.

Como bissexual, posso dizer que é muito desgastante ter que explicar o tempo todo que ser bissexual ou pansexual significa que não me interessa o sexo ou os genitais das pessoas. Mas isso acontece cotidianamente. Também é terrível reparar como a maneira que se é tratada muda dependendo da pessoa com quem se está envolvide. Se é alguém de um sexo diferente, a aceitação é automática; se é o do mesmo sexo, a relação ou se torna invisível, ou inaceitável.

3. Beijo homossexual é polêmico, beijo heterossexual é sussa

Podemos colocar aqui também as pessoas que afirmam que um beijo homossexual é imoral e que, quando chamadas de homofóbicas, dizem que também ficam incomodadas quando um casal heterossexual se beija na rua. A princípio parece lógico que alguém prefira não ver quaisquer demonstrações de afeto, mas se parar para olhar bem, essa lógica não se aplica igualmente entre casais homossexuais e casais heterossexuais. A verdade é que estamos rodeados de afeto heterossexual. Presenciamos amostras de afeto heterossexual em todos os filmes, novelas, e até no noticiário, tratadas sem aversão nem questionamentos, porque são “normais”. Esse tipo de reclamação e contestação só surge quando se expõe a homofobia evidenciada pela expressão de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo em público.

É só contar quantas vezes os pais cobrem os olhos dos filhos quando veem um casal heterossexual passar de mãos dadas, e quantas expressões de incômodo se vê quando o galã beija a mocinha no final do filme. Pois é.

4. “Para mim você sempre vai ser do sexo que nasceu”


A adaptação da família à identidade verdadeira de uma pessoa transgênero pode ser complicada devido à pouca informação e educação que se tem sobre a construção da identidade de gênero. Muitas pessoas, forçadas pelo laço familiar que as une (filhos, pais, irmãos, esposos) acabam por “aceitar” a pessoa trans, mas se negam a validar sua identidade verdadeira. Dizem coisas como “para mim você sempre será minha irmã”, “eu te vejo como meu esposo, não como minha esposa”, “eu vou continuar a usar seu nome de registro porque é o nome que eu lhe dei”, como se a pessoa transgênero tivesse feito algo ruim, ou tivesse feito isso de propósito.

Não reconhecer a identidade e não tratar a pessoa transgênero como ela prefere é transfobia. Acostumar-se a um novo nome pode exigir algum esforço, utilizar o pronome que a pessoa prefere também, mas esses são trabalhos e responsabilidades que cabem a nós. As pessoas trans não têm o dever de aguentar ou de educar as pessoas que insistem que suas identidades não são válidas. Muitas pessoas trans se dispõem a educar os outros, mas elas não têm que ser pacientes o tempo inteiro.

De qualquer maneira, se em algum momento cometer-se um deslize, a coisa certa a se fazer é pedir desculpas e evitar recair no erro. Nossa comodidade e costumes não estão acima da identidade de outra pessoa.

5. “Casar tudo bem, mas adotar não”

Essa é a reação típica de uma pessoa que se acha muito moderninha porque tem amigue LGBT, como se isso justificasse sua homofobia. Ter amigue LGBT, gostar deli, sair com eli ou apresentar-li à família não quer dizer que a pessoa não se opõe a alguns direitos dessa pessoa, como adotar filhos.

Não faz o menor sentido alguém dizer que aceita a homossexualidade, e até o casamento igualitário, mas não a adoção. O medo (o preconceito) por trás dessa ideia é que as crianças podem ser homossexualizadas por seus pais. Se alguém aceita a homossexualidade, por que seria ruim que uma criança se tornasse homossexual? Essas pessoas, no fundo, pensam que a homossexualidade é anormal, e que uma criança deve crescer em um ambiente que lhe permita desenvolver-se de maneira “normal” (ou seja, heterossexual).

Além disso, o que não falta são exemplos de que crianças criadas por casais homossexuais não têm sua sexualidade afetada pela sexualidade dos pais – tornam-se HT ou LGBTs independente das orientações e identidades dos pais. Também vamos nos lembrar que a imensa maioria de LGBTs foi criada por pais heterossexuais, o que não impediu que se tornassem homossexuais, bissexuais ou trans.

6. “Eu não preciso dizer que sou gay, lésbica, bissexual ou trans, isso não é da conta de ninguém”

Uma coisa é não poder sair do armário porque não vivemos num ambiente seguro onde se pode expressar sua orientação sexual ou identidade de gênero de maneira tranquila, ou por medo de se perder o emprego por causa da discriminação; outra é afirmar que alguém deveria mantê-la oculta porque ninguém tem nada a ver com isso, e reclamar de quem sai por aí dizendo para todos que são LGBTs, ou exigindo direitos.


Viu como você pode tá vacilando, fazendo feio e nem se atinou para isso.
Agora se puder compartilhar com outras pessoas que precisam rever suas atitudes vai ser lindo. E nós sabemos que todas essas questões levam algum tempo para serem mudadas e cada vezes que refletimos sobre, menos vacilo e mais respeitos vamos ter uns com os outros.

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